RADIUMBANDA

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sou médium de Umbanda e acredito.

Algumas pessoas podem não concordar comigo ou mesmo não acreditar em minhas palavras, porém somos aquilo que acreditamos e assim decidimos o nosso caminho.

Eu acredito em Deus, eu acredito em Jesus Cristo, eu acredito nos Orixás da Umbanda, eu acredito no Mentor Espiritual que me guia e nos Guias Espirituais de Umbanda que utilizam minha mediunidade, eu acredito na Umbanda, por isto as decisões que tomo em minha vida são baseadas no meu entendimento que sem Eles participando constantemente do meu caminhar e que sem um ajuste diário em minhas atitudes, pensamentos e sentimentos, conforme a mensagem de Jesus, além de estudar continuamente buscando a Verdade que Ele trouxe, esta minha vida seria como um navio perdido, sem bússola em um oceano desconhecido.

Eu acredito que minha mediunidade não é missão, mas sim parte da depuração de meu espírito que escolheu este caminho para que eu como encarnado, pudesse amenizar o meu carma e também através da caridade que recebo do Alto Astral, crescer moralmente e espiritualmente.

Este foi o caminho que meu espírito escolheu para poder passar por esta encarnação apoiado pelos Bondosos Espíritos que tanto me amam e oram para que eu supere as tentações da carne e aprenda que tudo passa.

Pois realmente tudo passa, alegrias, tristezas, dificuldades, doenças, entre tantas outras experiências, pois a encarnação é muito pequena perto da vida eterna do espírito e a busca por viver eternamente em comunhão com o Amor do Pai, que é o que Ele deseja para mim e para todos os seus filhos.

Portanto só posso acreditar que a educação espiritual, a reforma moral constante, a vigília, oração e o Evangelho de Jesus são os únicos meios para que eu possa caminhar seguro nesta direção.

Muitos irão dizer que é uma vida de sacrifícios e renúncias, mas o que para uns é sacrifício, para mim é aprendizado, o que para uns é renúncia para mim é conquista.

Pois é no aprendizado que me faz crescer e na conquista de minha paz interior que posso dizer que a mediunidade, para mim, não é um fardo, pois sei que sempre terei todos os Bons Espíritos e Jesus Cristo a me amparar e nisto acredito e tenho fé, sendo minha confiança total que, assim, posso ser uma pessoa melhor, me amar e poder amar aos meus irmãos encarnados ou desencarnados, amando acima de tudo o Pai que me criou e que também me ama.

Acredito que se estar encarnado é estar na escola do espírito, então terei que passar por provas que mostrem que meu aprendizado permite que eu passe para novos estágios evolutivos, por isto acredito que a Umbanda com Jesus Cristo, a Umbanda que o Caboclo das 7 Encruzilhadas nos trouxe, a Umbanda que o Caboclo Ventania segue, é a escola que me permitirá ter bons professores e conhecimento para alcançar a evolução moral e cristã que meu espírito se propôs, ao vir para esta encarnação.

Por isto acredito que ser médium na Umbanda é libertar o espírito das amarras do desconhecimento, das crendices e superstições que paralisam a evolução e que a caridade efetuada pelos Bons Espíritos através de minha mediunidade é luz para o meu caminho e o caminho de muitos que buscam também o Amor grandioso do Pai e somente com disciplina para buscar meu crescimento espiritual e moral, com estudo para buscar o conhecimento e a Verdade que liberta e muito trabalho que fortifica meu espírito, é que poderei ser um médium com Jesus e sempre ser feliz.


Sou médium de Umbanda e acredito.

(A.d)


A UMBANDA LHE CHAMA! ATENDA ESSE CHAMADO, OU NÃO!

Muitas pessoas têm, sistematicamente, procurado centros espíritas, principalmente de Umbanda, para solucionar problemas diversos. A convivência com os trabalhos, a presença nas sessões de consulta ou até mesmo de desenvolvimento, costumeiramente, desperta um interesse maior pela religião. A partir daí o consulente passa a viver a expectativa de, muito em breve, passar a integrar o corpo mediúnico da casa, ou, como se diz popularmente, “fazer parte da gira”.

Com o passar do tempo, no entanto, muitas pessoas ficam decepcionadas, pois não encontraram aquilo que procuravam e a saída do terreiro é uma questão de tempo.

Deixam de lado a fé, a esperança, a credibilidade e, simplesmente, buscam novos rumos. Novos tesouros.

Isso ocorre, na grande maioria das vezes, em razão da falta de orientação ao consulente por parte dos dirigentes espirituais. Via de regra é comum transformar um Centro Espírita, seja qual for a doutrina empregada ou o ritual seguido, em um balcão de atendimentos. Cartazes com promessas de solução para casamentos, amarração, problemas financeiros e de saúde são encontrados com facilidade pelas ruas da cidade.
Até mesmo atendimento eletrônico, seja via telefone ou Internet, já é oferecido hoje em dia.

E, com certeza, não será um atendimento gratuito. Cursos, então, tem para todos os gostos: curtos, longos, caros, baratos. E, em apenas nove meses, você pode se tornar um babalaô ou uma babá.

OBJETIVOS DA UMBANDA

Procura-se uma forma mais fácil de atrair o público para as sessões, sem, contudo, esclarecer quais são os reais objetivos da Umbanda. É certo que cada casa tem sua forma de atuar e cabe ao dirigente máximo definir suas prioridades. Mas transformar a religião em um balcão de negócios, certamente, não é o caminho mais correto.

A Umbanda preconiza a evolução espiritual, a busca pelo equilíbrio interior, a prática da caridade, a renovação da fé e o crescimento da esperança. Esperança por um mundo melhor, muito mais justo, igual, sem preconceitos de raça, credo, cor, sexo ou qualquer outra diferença que possa existir entre as pessoas. Afinal, aos olhos de Zambi, nosso Deus todo poderoso, somos todos iguais.

Portanto, quando receber o chamado da Umbanda, atenda-o. Mas tenha consciência de que esse chamado lhe representará uma oportunidade de reparar erros do passado, de progredir espiritualmente visando a vida futura. Contribuirá também para melhorar sua autoconfiança e valorizar a fé.

Não pense que, ao assumir seu compromisso com o Astral, estará dando o primeiro passo para receber bonificações materiais – um novo emprego, um carro importado e do ano, um marido (ou esposa) rica, aquela casa dos seus sonhos.

Não meu irmão, essa não é a prioridade da Umbanda. Esses benefícios materiais serão resultados do seu esforço, da sua dedicação ao trabalho e, acima de tudo, do seu merecimento.
Na Umbanda você encontrará a Luz. Na Umbanda você encontrará a Fé, a Esperança e a Caridade. Agora, se esses não são os seus objetivos, por favor, não atenda ao chamado da Umbanda. Você ainda não está preparado.

Inívio da Silva Borda

DIVERSIDADE UMBANDISTA

Podemos observar em conversas de Umbandistas em fóruns ou mesmo no orkut que muitos querem impor seu culto aos outros, achando que somente a sua Umbanda está correta.

Alguns querem enfiar o africanismo goela abaixo dos demais, outros querem a todo o custo impor que o Espiritismo é a base correta, alguns querem convencer os demais que a Umbanda de Saraceni é a correta ou ainda que a Umbanda de Zélio é a única e verdadeira.

Querem transformar a religião num grande campeonato de futebol, onde um time é o melhor que o outro e a paixão elimina a razão.

Devemos tentar ver a umbanda como uma religião criada pelo mundo espiritual e que aproveita os bons exemplos de diversas religiões e que com o passar do tempo, vai aperfeiçoando e aglutinando cada vez mais adeptos justamente por seguir os ensinamentos dos grandes mestres da humanidade que pregaram o amor, a caridade, a tolerância, a humildade, o fazer o bem sem importar-se a quem.

Nossa Religião foi cuidadosamente desenvolvida pelo Mundo Espiritual para trazer evolução aos médiuns participantes e um alento aos seres encarnados que precisam de uma palavra de paz, de esperança e perseverança.

Nunca uma Entidade Espiritual nos transmitiu qual a Umbanda é a correta, qual a Umbanda mais eficiente, qual a Umbanda verdadeira.

Sempre nos dizem que devemos ser médiuns dedicados, que devemos sempre estarmos preparados para ajudar ao próximo, sempre zelando pelo bom nome de nossa Religião, sem esperarmos retribuições de quaisquer formas que não sejam o reconhecimento do mundo espiritual.

Todas as Umbandas são corretas desde que sejam praticadas com dedicação, amor e humildade por que no final ela é uma só.

Devemos lutar com todas as nossas forças justamente para respeitar todas as vertentes e considerá-las como membro de um corpo só. 

Umbanda é a religião do presente e do futuro pois a medida que os não simpatizantes vão conhecendo a beleza, a simplicidade de nossa religião, seus corações são envoltos pela magia do amor, da caridade, da humildade e da fé em Deus, e todas as discriminações que hoje a Religião ainda sofre serão dissipadas pela inspiração Divina.

Umbanda é uma só, emanada por Deus.

Renato de Oxossi(in memorian)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os Sete Sorrisos de um Preto Velho.


Num cantinho de um terreiro sentado num banquinho pitando o seu cachimbo um alegre Preto-Velho sorria, os seus olhos brilhavam em sua face com tanta ternura e alegria.


Foram sete sorrisos onde na incontida vontade de saber o motivo me aproximei e o interroguei, fala meu Preto Velho diz ao seu filho o porquê externa assim uma visível alegria?


E ele suavemente se levantou do seu banquinho e me levou para fora da casa e me respondeu:


– É para aquele que no caminho de sua vida procurou e aprendeu.


O primeiro dei para aquela pessoa que verdadeiramente buscou Jesus Cristo e o pôs em seu coração.


O segundo dei para aquela pessoa que busca a verdadeira paz a si e aos de mais em sua volta.


O terceiro dei para aquela pessoa que verdadeiramente sacrificou-se deixando muitas vezes de viver para se dedicar ao seu próximo.


O quarto dei para aquela pessoa que teve a humildade de reconhecer os seus erros que vinha praticando em sua vida e procurando se aperfeiçoar errando menos e acertando mais.


O quinto dei para aquela pessoa que procura perdoar e busca sempre a verdade.


O sexto dei para aquela pessoa que da o valor a tudo e a todos na sua vida e sempre agradecendo ao senhor seu Deus.


O sétimo vai para aquela pessoa que agradece todos os dias de sua vida a sua existência no universo e procura enxergar a grandeza da criação em que pertence.

E assim Meu Filho eu vim aqui sorrindo para cada uma dessas pessoas, onde vistes.

MÉDIUM FOLGADO

Médium folgado aparece de vez em quando.

É o último a chegar e o primeiro a ir embora. Sempre com uma boa desculpa na ponta da língua. Chega no templo, troca de roupa, põe a fofoca em dia e vai para corrente.

Corpo físico e vaidade presentes, espírito e caridade ausentes.

Bate a cabeça diante do congá, mas a sua cabeça está em outro lugar... Repete mecanicamente os pontos cantados feito robô ou papagaio, sem sentir a emoção sagrada que abre os portais do coração para as dimensões superiores da vida.

Durante os trabalhos, confunde as sábias intuições do Guia (que por um extremo de compaixão AINDA o acompanha, sabe Deus até quando...) com o lixo venenoso de seu subconsciente.
Resultado:
passes energéticos precários, consultas e conselhos estúpidos... Coitados dos consulentes!

Trabalho extra para os trabalhadores invisíveis da casa. Coitados também dos outros médiuns, esses sérios e responsáveis, que são obrigados a triplicar sua doação de energia na sustentação da corrente para compensar a negligência do médium folgado, insensato e leviano.
Terminada a gira de atendimento, lá vai o médium para o vestiário se trocar rapidinho.

Varrer o chão do terreiro? Tirar o lixo dos banheiros? Ajudar os demais companheiros? Acertar as mensalidades em atraso? Ajudar nas obras? “Que nada! Tem um montão de médium aí à toa para cuidar disso. Melhor sair de fininho, pois tenho outro compromisso!".

Ao sair para rua, sente uma coisa estranha: um peso desagradável nos ombros acompanhado de súbita confusão mental, uma sensação de vazio interior indefinível... Lá vai o médium folgado arrastando atrás de si feito um imã humano vários " kiumbas folgados" barrados na triagem vibratória feita pelos guardiões astrais na "porteira" do templo.
Todos eles pegando carona em seu campo áurico totalmente desequilibrado e "folgado".

"Punição divina?" "Castigo de Orixá?"
Bobagem, meus caros!

É apenas aplicação pura e simples da Lei. Neste caso, a Lei das afini - dades. Ao contrário do "médium folgado" e seus colegas astrais igualmente folgados, a Lei não folga.

A Lei não dorme. "Cada um recebe o que merece. E merece o que recebe"...

Não está longe o dia em que o médium folgado sairá deste templo de Umbanda falando mal de seu dirigente, do corpo mediúnico, dos consulentes, dos guias e protetores que lhe deram amorosa acolhida e oportunidade de serviço regenerador... Ele logo partirá em busca de outro lugar, crença ou distração que lhe forneça apenas os benefícios passageiros do "entretenimento" em vez dos benefícios permanentes do "comprometimento".



Mensagem do Sr. Exú Marabô recebida pelo médium Vanderlei Alves.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Casa onde foi fundada a umbanda, em São Gonçalo, será demolida esta semana



Memória prestes a virar pó: casa dará lugar à loja e depósito Foto: Roberto Moreyra / Extra

Thamyres Dias


A estrutura metálica já está pronta para receber o telhado do novo galpão que vai ocupar o número 30 da Rua Floriano Peixoto, em Neves, São Gonçalo. Dentro do terreno, uma casinha centenária aguarda a demolição marcada, segundo o proprietário, ainda para esta semana. Poderia ser uma simples obra, não fosse um detalhe: a casa rosa, com a pintura já castigada pelos anos, é a última testemunha do nascimento da umbanda.
Foi no imóvel — que ocupava o centro de uma chácara, no início do século 20 —, que Zélio Fernandino de Moraes, então com 17 anos, dirigiu a primeira sessão da religião. Era 16 de novembro de 1908. A umbanda é a única manifestação religiosa 100% brasileira.
— A demolição nos deixa muito decepcionados, pois perdemos uma referência da chegada da mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas — diz Pedro Miranda, presidente da União Espiritista de Umbanda do Brasil, em referência à entidade que orientou Zélio a fundar a religião.
Espíritos tristes
A notícia também surpreendeu a mãe de santo Lucília Guimarães, do terreiro do Pai Maneco, em Curitiba, Paraná. Na década de 1990, ela veio ao Rio para pesquisar as origens da religião.
— Imagino que até os espíritos estejam tristes. É uma pena — lamenta ela.
Há mais de cem anos com a família de Zélio, o imóvel onde surgiu a umbanda foi vendido recentemente para o militar Wanderley da Silva, de 65 anos, que pretende transformar o local em um depósito e uma loja.
— Eu nunca soube que a casa tinha essa história. Mas agora já comprei, investi, não posso deixar de demolir — explica-se.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nunca houve um pedido de tombamento do imóvel. A antiga casa de Zélio também não é protegida pelo governo estadual ou pela Prefeitura de São Gonçalo.
De acordo com a última avaliação do IBGE, feita no Censo 2000, o Brasil tem quase 400 mil umbandistas. A religião está em todos os estados do país e também no Uruguai, Paraguai, Argentina, Portugal, Espanha e Japão.
‘Tudo acabou’
O terreiro de Zélio de Moraes — que recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade — funcionou por pouco anos em São Gonçalo. Os primeiros umbandistas mudaram-se logo para o Rio de Janeiro.
Primeiro, o centro funcionou na Rua Borja Castro, na Praça Quinze. A rua foi extinta, na década de 1950, para a construção da Perimetral. Dali, foram para a Avenida Presidente Vargas. O imóvel também foi demolido, dessa vez para dar lugar ao Terminal Rodoviário da Central do Brasil.
Uma nova mudança e mais uma demolição. A casa 59 da Rua Dom Gerardo, em frente ao mosteiro de São Bento, virou um estacionamento.
— Tudo acabou, eram prédios muito antigos. Lamento que o último registro também vai desaparecer. Mas o mais importante é que os ensinamentos do meu avô se perpetuem — pediu a neta de Zélio, Lygia Cunha, que hoje preside a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. O terreiro agora funciona em uma sede própria, em Cachoeiras de Macacu, no interior do estado.
Capela de São Pedro
Antes de ser vendida, a casa onde nasceu a Umbanda abrigou uma capela católica. A última moradora do imóvel, uma descendente de Zélio que é muito católica, cedeu o espaço para os devotos. Quem administra a igrejinha — que também mudou de endereço — é dona Geraldina dos Santos, de 74 anos.
— Não tenho preconceito, não. Todos somos filhos de Deus. Se a religião nasceu lá, a casa devia ser preservada. É importante — disse. vamos nos unir para não deixar acabar a nossa história como umbandista estou revoltado e muito chateado com
tudo isso.....
Prezado(a) irmão(ã)
Solicitamos a colaboração de cada irmão no sentido de apoiarem o pedido de tombamento da Casa de Zélio Moraes na qual foi fundada a Umbanda através do Caboclo das Sete Encruzilhadas em 15 de novembro de 1908.
É uma iniciativa para tentar preservar a história da Sagrada Lei de Umbanda.
O apoio ao pedido da União Espiritista de Umbanda do Brasil deve ser enviado para o seguinte email:
thamyres.martins@infoglobo.com.br
Já ocorreu um contato com o Presidente do IPAN - Superintendência do Patrimônio da Hstória e Artística Nacional na Av. Rio Branco nº 46, Rio de Janeiro.
É uma tentativa válida.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Hino da Umbanda

Muitos conhecem, cantam ou já ouviram o Hino da Umbanda, uma canção que fala de paz e de amor, que faz com que nosso corpo se arrepie de emoção. Mas, infelizmente, sua origem é desconhecida por grande parte dos Umbandistas. Sendo assim, vamos aprender um pouquinho mais falando hoje sobre o surgimento desta obra prima.
O Hino da Umbanda foi composto na década de 60, há cerca de 46 anos, por um cego que em busca de sua cura foi procurar a ajuda do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Embora não tenha conseguido a cura por ser sua cegueira cármica, ficou apaixonado pela religião e escreveu uma canção para mostrar que poderia ver o mundo e nossa religião de outra maneira. Apresentou a composição ao Caboclo das Sete Encruzilhadas que gostou tanto que resolveu apresentá-la como Hino da Umbanda, o qual em 1961, no 2º Congresso de Umbanda, foi oficializado para todo o Brasil.
É importante saber que não se deve repetir a última estrofe do hino; que em sinal de amor e respeito pela religião coloca-se a mão direita sobre o peito e que, como para qualquer hino, não se deve bater palmas ao final de sua execução, as palmas acontecem quando saudamos a Umbanda!

Refletiu a luz divina, com todo seu esplendor
É do reino de Oxalá, onde há paz e amor.

Luz que refletiu na terra,
Luz que refletiu no mar,
Luz que veio de Aruanda,
Para tudo iluminar.

A Umbanda é paz e amor,
é um mundo cheio de luz,
é a força que nos dá vida
e a grandeza nos conduz.

Avante filhos de fé,
como a nossa lei não há,
levando ao mundo inteiro
a bandeira de Oxalá!


Escrito por Mãe Mônica Caracci

Como surgiu a Umbanda em nosso País

Fragmentos de uma antiga religião ancestral, forma evoluída do catimbó indígena ou variação do candomblé? A polêmica sobre as origens da Umbanda é grande, e ainda não se chegou a uma conclusão definitiva. Mas muitos umbandistas dizem que o surgimento formal da Umbanda está documentado: foi em 15 de novembro de 1908, em Niterói — RJ.

A pesquisadora Theresa Saindenberg contou como tudo aconteceu.

Em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Estado do Rio, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspecto sobrenatural: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: “Amanhã estarei curado.”
No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada, antes, lhe houvesse tolhido os movimentos. Estava com apenas dezessete anos e destinava-se à carreira militar na Marinha.
A medicina não soube explicar o que tinha acontecido. Os tios, que eram padres católicos, foram colhidos de surpresa e nada esclareceram sobre a misteriosa ocorrência. Um amigo da família sugeriu, então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio foi convidado a participar de uma sessão, e o dirigente dos trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa.
Tomado por uma força estranha e superior à sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem Zélio levantou-se e disse: “Aqui está faltando uma flor!”, e retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa. Essa atitude insólita causou quase um tumulto.
Restabelecida a “corrente”, manifestaram-se espíritos, que se diziam de negros escravos e de índios ou caboclos, em diversos médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos, advertidos do seu estado de atraso espiritual.
Foi então que o jovem Zélio foi novamente dominado por uma força estranha, que fez com que ele falasse se saber o que dizia. (De acordo com depoimento do próprio Zélio à revista Seleções de Umbanda, em 1975.)
Zélio ouvia apenas a própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação desses espíritos e por que eram considerados atrasados — se apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na sua última encarnação.
Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio e desenvolvia argumentação segura.

No outro dia, Zélio era sacerdote de Umbanda

Um dos médiuns videntes perguntou afinal: “Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é seu nome, irmão?”
Respondeu Zélio, ainda tomado pela força misteriosa: “Se julgam atrasados esses espíritos de negros e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (o médium, Zélio) para dar início a um culto em que esses negros e esses índios poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados ou desencarnados. E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.”
“Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto?”, perguntou, com ironia, o médium vidente; ao que o Caboclo das Sete Encruzilhadas respondeu: “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei!”
Zélio de Moraes contou que no dia seguinte, 16 de novembro, ocorreu o seguinte: “Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aquele austeros senhores de cabeça branca, em volta de uma mesa onde se praticava um trabalho para mim desconhecido. Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto? No entanto, eu mesmo falara, sem saber o que dizia e porque dizia. Era uma sensação estranha: uma força superior que me impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento.”
“E no dia seguinte, em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada — 20 horas — já se reuniam os membros da Federação Espírita, seguramente para comprovar a veracidade do que fora declarado na véspera; os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e, do lado de fora, grande número de desconhecidos.”
Às 20 horas manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que se iniciava, naquele momento, um novo culto em que os espíritos de velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase exclusivamente para trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal desse culto, que teria por base o Evangelho de Cristo e, como mestre supremo, Jesus.
O Caboclo estabeleceu as normas em que s processaria o culto: sessões – assim chamariam os períodos de trabalho espiritual — diárias, das 20 às 22 horas; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.
Deu, também, o nome desse movimento religioso que se iniciava; disse primeiro allabanda (ou um dos presentes assim anotou), mas, considerando que não soava bem a sua vibratória, substituiu-o por aumbanda, ou seja, umbanda, cuja palavra de origem sânscrita, que se pode traduzir por: “Deus ao nosso lado”, ou “o lado de Deus”.
Muito provavelmente, ficou o nome umbanda, e não aumbanda, porque alguém anotou a palavra separadamente (a umbanda). Sobre o assunto, diz Ramatis, no livro A Missão do Espiritismo:
“A palavra aum é de alta significação espiritual, consagrada pelos mestres; bandhã, em sua expressão mística iniciática, significa movimento incessante, força centrípeta emanada do Criador. A palavra aumbandhã, pronunciada na forma de uma mantra, aproxima-se melhor da sonorização ombanda, sendo ajustada à doutrina de umbanda, praticada no Brasil.”
E, mais adiante: “Os africanos praticavam a magia indistintamente. (...) Em face dos costumes da civilização é inexequível a prática da umbanda nos moldes e ritualismo genuíno africano. (...) Acontece que, antes dessa denominação de umbanda (antes, portanto, de 1908), os ritos e intercâmbios mediúnicos eram somente conhecidos como candomblé, ou macumba, sob o domínio completo do africanismo versado na magia grosseira.” (1)
A opinião acima é de Ramatis (guia espiritual do médium Hercílio Maes, autor de inúmeros livros), a quem muito consideramos mas de quem ousamos discordar.
            Voltemos ao relato de Zélio, sobre as ocorrências do dia 16 de novembro de 1908.

O Caboclo fala latim e alemão

“A casa de trabalhos espirituais, que no momento se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolhe o Filho nos braços, também seriam acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda e de conforto.”
“Ditadas as bases do culto, após responder, em latim e em alemão (2), às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou à parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar aleijados. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas.”
Segundo o jornal Gira de Umbanda (nº 19 — “As verdadeiras Origens da Umbanda no Brasil inteiro: “Chegou, chegou, chegou com Deus, chegou, chegou o Caboclo das Sete Encruzilhadas.”
Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formou na Rua Floriano Peixoto, nº 30, em Neves. Enfermos, cegos, paralíticos, vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns (cujas manifestações haviam sido consideradas como loucura) deixando os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais. Estava fundada a Umbanda no Brasil. 15 de novembro seria, posteriormente, o Dia Nacional da Umbanda.
Cinco anos mais tarde, manifestou-se o Orixá Male, exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra (3).
Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada com o nome de Tenda Espírita, porque não era aceito, na época, o registro de uma entidade com a especificação de Umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião de Umbanda.
Em 1935 estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado ao mesmo quando, numa noite de quinta-feira, José Álvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves, resolveu verificar pessoalmente o que se passava.
Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra que fazia e disse: “Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar.”
O Sr. Pessoa ficou surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara a sua vinda e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o Caboclo demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Álvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a Entidade criava.

Os primeiros Terreiros de Umbanda

Dezenas  de templos e tendas, porém, seriam fundados posteriormente, sob orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1939, o Caboclo determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente, passou à denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda nº 7, 1975), para congregar templos umbandistas e que deveria ser o núcleo central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns, estabelecia a igualdade de classes, e a simplicidade do ritual permitia dedicar integralmente o tempo das sessões ao atendimento aos necessitados.
Mais tarde surgiu o Jornal de Umbanda, que durante mais de vinte anos foi um porta-voz doutrinário de grande valor e no qual colaboravam efetivamente, entre outros, Cavalcanti Bandeira, Reinaldo Xavier de Almeida, Olívio de Novais e o escritor J. Alves de Oliveira.
Aliás, este último nos dá mais subsídios sobre a origem da Umbanda no Brasil, através do tablóide Macaia, informando “no livro do jornalista e escritor João do Rio — As Religiões do Rio, edição de 1904 — não se encontra a palavra umbanda. Porém, há um livro que nos leva a algumas conclusões sobre as práticas mediúnicas, ou impulsos de alguns médiuns atuados, de surpresa, por espíritos que se diziam de caboclo ou de pai africano.”
E o livro do jornalista e escritor Leal de Souza, de A Noite (que enveredou, por volta de 1924, pelos centros espíritas e outros onde se manifestavam espíritos de Caboclos e Pretos Velhos, Exus e Crianças) denominado No Mundo dos Espíritos, publicado em 1925, nos conta, em reportagens todas elas muito sérias, num total de noventa, como eram os rituais umbandistas da época, estampando inclusive fotos dos líderes de então.
Uma das reportagens mostra o médium Zélio de Moraes incorporando o Caboclo das Sete Encruzilhadas; mas, curiosamente, não há ainda a menção da palavra umbanda, evidenciando o quão pouco era esse termo difundido até 1925. Uma das reportagens se intitula “O Espiritismo na Macumba”; outra, “O Terreiro de Macumba”, etc. O termo umbanda só usado numa referência a uma saudação a Ogum (Orixá das demandas) dirigida pela Entidade Pai Quintino, onde se lê: “Viva o General de Umbanda!
No livro que reúne as teses ao 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo de Umbanda (assim se chamava a umbanda em 1941), o vocábulo é considerado de origem sânscrita: “A raiz mais antiga de que há registro acerca de umbanda encontra-se nos famosos livros da Índia, os Upanishads.”
Refere-se W. W. da Matta e Silva (Umbanda de Todos Nós, edição de 1956, págs. 12 e 13) à origem do termo, afirmando que:
“Verifica-se que até os anos de 1900, 1904, 1916 e 1917, os autores, em pesquisas e apurados estudos na época em que os candomblés conservam-se ainda puros, não encontraram o vocábulo umbanda.”
Matta e Silva confirma assim os testemunhos de Waldemar Bento (A Magia no Brasil), Roger Bastide (Imagens do Nordeste Místico), Gilberto Freire (Estudos Afro-Brasileiros), Nina Rodrigues (O Animismo Fetichista dos Negros da Bahia), João do Rio (As Religiões do Rio), etc.
Cavalcanti Bandeira reporta-se aos mestres do idioma africano, citando o vocábulo umbanda como “arte de curar”, “magia”, “faculdade de curar por meio de medicina natural ou sobrenatural”; ou, ainda, “os sortilégios que, segundo se presume, estabelecem e determinam a ligação entre os espíritos e o mundo físico”.
Porém, Matta e Silva nos diz, na pág. 35 do livro citado, que:
“O vocábulo umbanda só pode ser identificado dentro das qualificadas línguas mortas. Todavia, entre os angolenses existe o termo kimbanda, que significa “sacerdote, invocador de espíritos”, firmado no radical mbanda, conservado através de milênios, legado da tradição oral da raça africana, o qual é uma corruptela do original u-mbanda ou aum-bandhã.”
E prossegue: “Toda essa complexa mistura, que o leigo chama de macumba, baixo espiritismo, magia negra, envolvendo práticas fetichista e barulhentas (...), era a situação existente, quando surgiu um vigoroso movimento de luz, ordenado pelo astral superior, feito pelos espíritos que se apresentavam como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças.

Um culto que muda com rapidez

Diz ainda Matta e Silva: “Surgiram práticas as mais confusas e desordenadas, envolvendo oferendas com sacrifícios de animais, sangue, etc., e por isso tudo fez-se imprescindível um novo movimento, dentro desses cultos ou de sua massa de adeptos, feito pelos espíritos carmicamente afins a essa massa e pelos que, dentro de afinidades mais elevadas, se espantam no amor e na renúncia em prol da evolução de seus semelhantes, o qual foi lançado através da mediunidade de uns e outros pelos Caboclos e Pretos Velhos, com o nome de Umbanda.”
“O termo Umbanda, que eles implantaram no meio, para servir de bandeira a essa poderosa corrente, ensinaram que é um termo litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo, o conjunto das leis de Deus.”
“É comum, ouvir-se dizer que a Umbanda foi trazida ao Brasil pelos escravos”, lê-se no texto apresentado pelo Condu (Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda) a 7 de agosto de 1977 em congresso realizado no Centro Espírita Caminheiros da Verdade, no Rio de Janeiro, e publicado pelo jornal Gira de Umbanda. “Entretanto, devemos considerar que a Umbanda surgiu sobre o amalgama das crenças negras e nativas com o cristianismo.”
Diz Cavalcanti Bandeira:
“Dos africanos vieram os nomes, ritual e costumes; dos índios, algumas denominações e outros costumes; dos espíritas, a doutrina filosófica moderna; do catolicismo, os santos, os sacramentos e alguma coisa do ritual; dos orientais, todos os fundamentos teológicos.”
E prosseguem as conclusões do Condu:
“A crença dos negros desempenhou papel relevante na formação da Umbanda, da qual se construiu um dos principais alicerces, dando-lhe, como contribuição primordial, os Orixás. Em sua prática, a Umbanda aproxima-se mais da origem nativa; na estrutura, porém, prevaleceu a influência africana.”
“Os conceitos de reencarnação e da comunicação com os desencarnados, já existentes nesses cultos, foram reforçados pelo espiritismo, através de sua doutrina esclarecedora. O catolicismo deu valiosa contribuição à Umbanda, em grande parte por influência do negro, ao qual havia sido imposta a assimilação do Orixá aos Santos, e também através dos primeiros médiuns umbandistas, ainda afeiçoados à religião predominante na época. Cumpre acentuar que, na Umbanda implantada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não é utilizado o sacrifício de aves e animais, nem para homenagear Entidades, nem para desmanchar trabalhos de magia.” (Declaração textual de Zélio de Moraes, em 1979.)
“O holocausto, ou sacrifício de animais, é totalmente alheio à Umbanda”, lê-se no livro O Culto da Umbanda em Face da Lei, de Cavalcanti Bandeira, editado em 1945.
Mohab Caldas oferece-nos uma definição perfeita da Umbanda:
“Não cobrar, não matar, usar o branco, evangelizar e utilizar forças da natureza.”
“Umbanda é, portanto, o produto de uma evolução religiosa”, conclui o relatório do Condu. “Suas origens encontram-se nas filosofias orientais, fonte inicial de todos os cultos do mundo civilizado. E a sua implantação, em nossa terra, deu-se com a fusão das práticas, dos conceitos e crenças do negro, do branco e do índio.”
Zélio Fernandino de Moraes, médium que recebeu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, o fundador da Umbanda no Brasil, desencarnou em outubro de 1975, aos 84 anos de idade. De seu trabalho incansável resultou a Umbanda de hoje, que abrange cerca de 30 milhões de adeptos, segundo estimativas apresentadas no 2º Festival Mundial de Artes e Culturas Negras, realizado em Lagos, na Nigéria, em 1977, pelo professor René Ribeiro, da Universidade Federal de Pernambuco, que demonstrou que a Umbanda é a religião que mais cresce no Brasil. O professor René baseou-se em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Da atitude de Zélio de Moraes, que, incorporado, declarou estar “faltando uma flor” na mesa da Federação Espírita de Niterói, surgiu uma das curimbas (pontos cantados) mais belas da Umbanda que diz:
“Surgiu no jardim mais uma flor, Mamãe Oxum trazendo paz e amor. Salve a Umbanda, independente e sutil, que vai crescendo, por este imenso Brasil. Bandeira branca de Oxalá, força do além, Mãe Caridosa que ao mundo deseja o bem... vai sempre em frente, ó minha Umbanda querida, leva a doçura da vida para aqueles que não têm!”

(1) Não consideramos grosseira a magia africana, pela qual temos o maior respeito, bem como pela cultura africana, rica e nada primitiva.

(2) Quanto a um Caboclo (supostamente um espírito de índio) falar diversas línguas (xenoglossia), é pelo fato comum na Umbanda. A explicação dada pelo babalaô Ivan Dodois, de Campinas (SP), é que muitos espíritos de grande cultura trabalham nas chamadas “Linhas de Caboclo”, por humildade. Podem ter sido índios numa encarnação e doutores em outras.

(3) Orixá, na realidade, não incorpora, apenas manda sua vibração à Terra. É comum, no Rio de Janeiro, tratar-se de um Guia espiritual pela denominação de Orixá, conforme nos informa Ivonne Mangie Alves Velho, em seu livro Guerra de Orixá. (Ivonne é da Universidade Federal do Rio de Janeiro.)

Texto extraído da Revista Planeta - Especial Umbanda e Candomblé,  nº 126-A

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Justiça e seus guardiões

Fogo e terra mineral são de Xangô, e fogo e ar, de Oxalá. ambos encarnam a justiça, mas duas diferentes formas de justiça.

Oxalá reina sobre o Céu, não como espaço físico, mas como envoltório da terra; simboliza a luz e a tranquilidade que permitem às coisas seu desenvolvimento. Branco e dourado são suas cores, simbolizando o elemento fundamental, do começo dos começos (em Os Nagôs e a Morte). antes de ser fogo (luz), Oxalá significa água, por participar da matéria original, e ar. É um Orixá criador, que pode engendrar seres tanto no plano material como no espiritual. Essa simbologia de fecundação (executada através do som, do verbo) está representada em seu símbolo, o Opaxorô (cetro com um pássaro e discos de metal intercalados) ou o osum, barra de metal com sinos, que deve ser fincada na terra durante certas cerimônias.

Foi com seu cajado que Oxalá separou a terra do céu, punindo o desafio dos homens. É, pois, um instrumento, um símbolo de justiça - a ordem-paz. Como Oxalá é pai e, a cada ser originado, criou-se uma árvore, elas lhe são consagradas, atando-se um pano branco ao tronco.

Gerar, a partir do nada, estabelece uma demarcação a partir do momento da Criação. Eis porque associa-se Oxalá (a quem Olorum delegou o poder da Criação) ao Orixá-Tempo. Eles se completam, e não há terreiro completo sem o mastro ou a árvore de tempo, onde está seu pote.

(Revista Planeta, ed 209/73)

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mensagem do Sr. Tranca Ruas das Almas

Salve...
Sou falangeiro de Ogum, mas me chamam de tantos nomes...
Tem gente que só de ouvir o meu nome já “treme” na base, outros riem sem entender o significado do nome, porém, nomes são símbolos e o meu significa, resumidamente, aquele que bloqueia, impedindo os espíritos de seguirem por caminhos inadequados, gostem eles ou não. Eu cumpro a Lei e promovo a Ordem na Terra e no Astral.
Sou um espírito que lidera uma falange que usa o mesmo nome que eu e isso acontece por questões de afinidade e também por determinação da Lei de Umbanda no Astral.
Isso não significa que somos todos iguais, somos indivíduos que apenas usam o mesmo nome.
Ainda tem gente por ai que acredita no Diabo e quando ouve falar em Exu, Tranca Ruas e outros logo ligam o nosso nome ao ser maligno que nada mais é que a maldade que vive no coração do homem, portanto, ele existe dentro daqueles que desconhecem o bem e estão afastados de Deus.
Grande parte desse folclore, dessa crença sem fundamento, se deve ao fato de o comércio, ávido pelo dinheiro, ter criado a partir de uma mentalidade doentia qualquer, imagens grotescas de nós e das moças que são nossas parceiras. Colocaram grandes chifres em nossas cabeças e em nossas mãos tridentes espetaculares, fazendo cair no ridículo a nossa imagem. Sem dizer que tingem de vermelho escarlate o corpo dessas pobres imagens como se tivessem acabado de sair do inferno para o mundo.
Diante de tal apresentação, até consideramos normal que as pessoas se iludam e acreditem que somos mesmo assim, uma vez que essas imagens são vistas por médiuns que não educaram a sua mediunidade, ficando expostos a toda criação mental que existe vagando ao redor da Terra, fruto do medo secular incutido por algumas religiões que se valem do medo para controlar seus fiéis. Essas imagens são criadas pelas mentes humanas e são projetadas no espaço, ficam soltas a vagar, uma vez captadas, assustam e o médium negligente acaba por acreditar que tais aberrações sejam reais.
Eu afirmo a vocês, porém, Umbandistas interessados em desvendar o mistério Exu, que não somos assim e se quiserem nos conhecer, basta olharem para si mesmos.
Se nos apresentamos, às vezes, vestindo nossas capas, chapéus, botas e outro tipo de indumentária usada na Terra, é porque trabalhamos com espíritos ainda extremamente materializados e a forma faz parte do material que usamos para cumprir a nossa missão.
Esqueçam as imagens bizarras e aprendam a não nos temer. Somos trabalhadores como qualquer outro e contamos com vocês, médiuns esclarecidos e de boa vontade, para nos auxiliarem na árdua tarefa de desmistificar o nosso trabalho e a nossa imagem.
Há uma nova Umbanda florescendo e vocês, filhos de fé, são as mais belas flores desse novo jardim que estamos construindo.
Estejam alertas e atentos. Não relutem em derrubar velhos conceitos. Tudo muda a todo instante.
Acompanhem as mudanças e sejam felizes.

Tranca Ruas das Almas – Médium Annapon em 23.04.2011

Texto retirado do Blog: http://aalmadascoisas-annapon.blogspot.com/

Palavras do Sr. Caboclo Tupinambá

"Sim, sua vida espiritual vai bem à medida que você observa, analisa e lapida seu comportamento, suas ações, pensamentos e principalmente seus julgamentos, frequentemente precipitados e equivocados, a respeito das pessoas e daquilo que ainda está por vir.
-- Sim, seu caminho é a Umbanda enquanto você valorizar a experiência espiritual com os Orixás, Guias e Mensageiros do Astral que se desdobram em muitas formas para te auxiliar.
-- Seu caminho é e sempre será a Umbanda, enquanto você acender uma vela e sentir que ela fala contigo, enquanto você escutar o som do atabaque e seu corpo aquecer num compasso de vibrações e arrepios, enquanto você sentir o aroma das ervas transmutadas em fumaça ao contato com a brasa incandescente e for acometido da sensação de estar sendo transportado para outro lugar, a Umbanda continuará sendo seu caminho enquanto o brado dos Caboclos te arrepiar, o silêncio dos Pretos Velhos te emocionar, o gracejo dos Baianos te alegrar, a sinceridade dos Exus te curvar, a simpatia das Pombas Giras te atrair e a ciranda dos Erês te relembrar que, apesar dos pesares, o mais importante é não perder a pureza das crianças.
-- Sim, seu lugar é no Templo que frequenta, enquanto os espíritos regentes ainda forem referências de aprendizado, enquanto você sentir saudade ao final de cada gira, enquanto os objetivos espirituais e materiais também forem seus os objetivos, enquanto o sentimento de irmandade não se dissipar facilmente em momentos de atritos e conflitos naturais, enquanto você preservar o respeito e lealdade ao seu Sacerdote!"

Caboclo Tupinambá

sábado, 3 de setembro de 2011

NOITE ESTRANHA



Foi, não há muito tempo atrás, que essa história aconteceu. Contada aqui de uma forma romanceada, mas que trás em sua essência, uma verdadeira mensagem para os umbandistas.
Ela começa em uma noite escura e assustadora, daquelas de arrepiar os pêlos do corpo. Realmente o Sol tinha se escondido nesse dia, e a Lua, tímida, teimava em não iluminar com seus encantadores raios, brilhosos como fios de prata, a morada dos Orixás.
Nessa estranha noite, Ogum, o Orixá das "guerras", saiu do alto ponto onde guarda todos os caminhos e dirigiu–se ao mar. Lá chegando, as sereias começaram a cantar e os seres aquáticos agitaram–se. Todos adoravam Ogum, ele era tão forte e corajoso. Yemanjá que tem nele um filho querido, logo abriu um sorriso, aqueles de mãe "coruja" quando revê um filho que há tempos partiu de sua casa, mas nunca de sua eterna morada dentro do coração.
— Ah Ogum, que saudade, já faz tanto tempo! Você podia vir visitar mais vezes sua mãe, não é mesmo? — ralhou Yemanjá, com aquele tom típico de contrariedade.
— Desculpe, minha Mãe, ando meio ocupado. — Respondeu um triste Ogum.
— Mas, o que aconteceu, meu filho? Sinto que estás triste.
— É, vim até aqui para "desabafar" com você "mãezinha". Estou cansado! Estou cansado de muitas coisas que os encarnados fazem em meu nome. Estou cansado com o que eles fazem com a "Espada da Lei", que julgam carregar. Estou cansado de tanta demanda. Estou muito mais cansado das "supostas" demandas, que apenas existem dentro do íntimo de cada um deles... Estou cansado...
Ogum retirou seu elmo, e por de trás de seu bonito capacete, um rosto belo e de traços fortes pôde ser visto. Ele chorava. Chorava uma dor que carregava há tempos. Chorava por ser tão mal compreendido pelos filhos de Umbanda. Chorava por ninguém entender, que se ele era daquele jeito, protetor e austero, era porque em seu peito a chama da compaixão brilhava. E, se existe um Orixá leal, fiel e companheiro, esse Orixá é Ogum. Ele daria a própria Vida, por cada pessoa da humanidade, não apenas pelos filhos de fé. Não! Ogum ama toda humanidade, ama a Vida. Mas infelizmente suas atribuições não eram realmente entendidas. As pessoas não viam em sua espada, a força que corta as trevas do ego, e logo a transformavam em um instrumento de guerra. Não via nele a potência e a força de vencer os abismos profundos, que criam verdadeiros vales de trevas na alma de todos. Não viam em sua lança, a direção que aponta para o autoconhecimento, para iluminação interna e eterna.
Não! Infelizmente ele era entendido como o "Orixá da Guerra", um homem impiedoso que se utiliza de sua espada para resolver qualquer situação. E logo, inspirados por isso, lá iam os filhos de fé esquecer dos trabalhos de assistência a espíritos sofredores, a almas perdidas entre mundos, aos trabalhos de cura, esqueciam do amor e da compaixão, sentimentos básicos em qualquer trabalho espiritual, para apenas realizaram "quebras e cortes" de demandas, muitas das quais nem mesmo existem, ou quando existem, muitas vezes são apenas reflexos do próprio estado de espírito de cada um. E mais, normalmente, tudo isso se torna uma guerra de vaidade, um show "pirotécnico" de forças ocultas. Muita "espada", muito "tridente", muitas "armas", pouco coração, pensamento elevado e crescimento espiritual. Isso magoava Ogum. Como magoava: — Ah, filhos de Umbanda, por que vocês esquecem que Umbanda é pura e simplesmente amor e caridade? A minha espada sempre protege o justo, o correto, aquele que trabalha pela luz, fiando seu coração em Olorum. Por que esquecem que a Espada da Lei só pode ser manuseada pela mão direita do amor, insistindo em empunhá-la com a mão esquerda da soberbia, do poder transitório, da ira, da ilusão, transformando-a em apenas mais uma espada semeadora de tormentos e destruição... Então, Ogum começou a retirar sua armadura, que representava a proteção e firmeza no caminho espiritual que esse Orixá traz para nossa vida. E totalmente nu ficou frente à Yemanjá. Cravou sua espada no solo. Não queria mais lutar, não daquele jeito. Estava cansado...
Logo um estrondo foi ouvido e o querido, mas também temido Omulu apareceu. E por incrível que pareça o mesmo aconteceu. Ele não agüentava mais ser visto como uma divindade da peste e da magia negativa. Não entendia, como ele, o guardião da Vida podia ser invocado para atentar contra Ela. Magoava–se por sua alfanje da morte, que é o princípio que a tudo destrói, para que então a mudança e a renovação aconteçam, ser tão temida e mal compreendida pelos homens. Ele também deixou sua alfanje aos pés de Yemanjá, e retirou seu manto escuro como a noite. Logo se via o mais lindo dos Orixás, aquele que usa uma cobertura para não cegar os seus filhos com a imensa luz de amor e paz que se irradia de todo seu ser. A luz que cura, a luz que pacifica, aquela que recolhe todas as almas que se perderam na senda do Criador. Infelizmente os filhos de fé esquecem-se disso...
Mas o mais incrível estava por acontecer. Uma tempestade começou a desabar aumentando ainda mais o aspecto incrível e tenebroso daquela estranha noite.
E todos os outros Orixás começaram a aparecer, para logo, começarem também a despir suas vestimentas sagradas, além de deixarem ao pé de Yemanjá suas armas e ferramentas simbólicas.
Faziam isso em respeito a Ogum e Omulu, dois Orixás muito mal compreendidos pelos umbandistas. Faziam isso por si próprios.
Iansã queria que as pessoas entendessem que seus ventos sagrados são o sopro de Olorum, que espalha as sementes de luz do seu amor.
Oxossi queria ser reverenciado como aquele que, com flechas douradas de conhecimento, rasga as trevas da ignorância.
Um a um, todos foram se despindo e pensando quanto os filhos de Umbanda compreendiam erroneamente os Orixás.
Yemanjá, totalmente surpresa e sem reação, não sabia o que fazer.
Foi quando uma irônica gargalhada cortou o ambiente.
Era Exu.
O controvertido Orixá das encruzilhadas, o mensageiro, o guardião, também chegava para a reunião, acompanhado de PombaGira, sua companheira eterna de jornada. Mas os dois estavam muito diferentes de como normalmente se apresentam.
Andavam curvados, como que segurando um grande peso nas costas. Tinham na face, a expressão do cansaço. Mas, mesmo assim, gargalhavam muito. Eles nunca perdiam o senso de humor! E os dois também repetiram aquilo que todos os Orixás foram fazer na casa de Yemanjá. Despiram–se de tudo.
Exu e Pombagira, sem dúvida, eram os que mais razões tinham de ali estarem. Inúmeros eram os absurdos cometidos por encarnados em nome deles.
Sem contar o preconceito, que o próprio umbandista ajudou a criar, dentro da sociedade, associando–o a figura do Diabo:
—Hahaha, lamentável essa situação, hahaha, lamentável!
—Exu chorava, mas Exu continuava a sorrir.
Essa era a natureza desse querido Orixá.
Yemanjá estava desesperada! Estavam todos lá, pedindo a ela um conforto. Mas nem mesmo a encantadora Rainha do Mar sabia o que fazer:
— Espere! Pensou Yemanjá!
— Oxalá! Oxalá não está aqui! Ele com certeza saberá como resolver essa situação.
E logo Yemanjá colocou-se em oração, pedindo a presença daquele que é o Rei entre os Orixás.
Oxalá apresentou-se na frente de todos.
Trazia seu opaxorô, o cajado que sustenta o mundo.
Cravou ele na Terra, ao lado da espada de Ogum. Também despiu-se de sua roupa sagrada, pra igualar-se a todos, e sua voz ecoou pelos quatro cantos do Orun:
—Olorum manda uma mensagem a todos vocês meus irmãos queridos!
Ele diz para que não desanimem, pois, se poucos realmente os compreendem aqueles que assim o fazem, não medem esforços para disseminar essas verdades divinas. Fechem os olhos e vejam, que mesmo com muita tolice e bobagem relacionada e feita em nossos nomes, muita luz e amor também está sendo semeado, regado e colhido, por mãos de sérios e puros trabalhadores nesse às vezes triste, mas abençoado planeta Terra.
Esses verdadeiros filhos de fé que lutam por uma Umbanda séria, sem os absurdos que por aí acontecem. Esses que muito além de "apenas" prestarem o socorro espiritual, plantam as sementes do amor dentro do coração de milhares de pessoas. Esses que passam por cima das dificuldades materiais, e das pressões espirituais, realizando um trabalho magnífico, atendendo milhares na matéria, mas também, milhões no astral, construindo verdadeiras "bases de luz" na crosta, onde a espiritualidade e religiosidade verdadeira irão manifestar-se. Esses que realmente nos compreendem e buscam-nos dentro do coração espiritual, pois é lá que o verdadeiro Orun reside e existe.
Esses incríveis filhos de Umbanda, que não colocam as responsabilidades da vida deles em nossas costas, mas sim, entendem que tudo depende exclusivamente deles mesmos. Esses fantásticos trabalhadores anônimos, soltos pelo Brasil e pelo mundo, que honram e enchem a Umbanda de alegria, fazendo a filhinha mais nova de Olorum brilhar e sorrir...
Quando Oxalá se calou os Orixás estavam mudados.
Todos eles tinham suas esperanças recuperadas, realmente viram que se poucos os compreendiam, grande era o trabalho que estava sendo realizado, e talvez, daqui algum tempo, muitos outros iriam se juntar nesse ideal.
E aquilo os alegrou tanto que todos começaram a assumir suas verdadeiras formas, que são de luzes fulgurantes e indescritíveis. E lá, do plano celeste, brilharam e derramaram-se em amor e compaixão pela humanidade.
Em Aruanda, os Caboclos, Pretos Velhos e Crianças, fizeram o mesmo. Largaram tudo, também se despiram e manifestaram sua essência de luz, sua humildade e sabedoria comungando a benção dos Orixás.
Na Terra, Baianos, Marinheiros, Boiadeiros, Ciganos e todos os povos de Umbanda, sorriam. Aquelas luzes que vinham lá do alto os saudavam e abençoavam seus abnegados e difíceis trabalhos.
Uma alegria e bem–aventurança incríveis invadiram seus corações.
Largaram as armas. Apenas sorriam e abraçavam-se. O alto os abençoava...
Mas, uma ação dos Orixás nunca fica limitada, pois é divina, alcançando assim, a tudo e a todos.
E lá no baixo astral, aqueles guardiões e guardiãs da lei nas trevas também foram alcançados pelas luzes Deles, os Senhores do Alto. Largaram as armas, as capas, e lavaram suas sofridas almas com aquele banho de luz. Lavaram seus corações, magoados por tanta tolice dita e cometida em nome deles. Exus e Pomba-Giras, naquele dia foram tocados pelo amor dos Orixás, e com certeza, aquilo daria força para mais muitos milênios de lutas insaciáveis pela Luz.
Miríades de espíritos foram retirados do baixo–astral, e pela vibração dos Orixás puderam ser encaminhados novamente à senda que leva ao Criador. E na matéria toda a humanidade foi abençoada.
Aos tolos que pensam que Orixás pertencem a uma única religião ou a um povo e tradição, um alerta: "Os Orixás amam a humanidade inteira, e por todos olham carinhosamente".
Aquela noite que tinha tudo para ser uma das mais terríveis de todos os tempos, tornou–se benção na vida de todos. Do alto ao embaixo, da esquerda até a direita, as egrégoras de paz e luz deram as mãos e comungaram daquele presente celeste, vindo diretamente do Orun, a morada celestial dos Orixás.
Nós, filhos de Umbanda, pensemos bem! Não transformemos a Umbanda em um campo de guerra, onde os Orixás são vistos como "armas" para acertarmos nossas contas terrenas. Muito menos esqueçamos do amor e compaixão, chaves de acesso ao mistério de qualquer um deles. Umbanda é simples, é puro sentimento, alegria e razão. Lembremo-nos sempre disso.
E quanto a todos aqueles, que lutam por uma Umbanda séria, esclarecida e verdadeira, independente da linha seguida, lembrem–se das palavras de Oxalá ditas linhas acima.
Não desanimem com aqueles que vos criticam, não fraquejem por aqueles que não têm olhos para ver o brilho da verdadeira espiritualidade. Lembrem–se que vocês também inspiram e enchem os Orixás de alegria e esperança.


Esse texto é dedicado a todos que lutam
pela Umbanda nessa Terra de Orixás!
Honrem a Eles.
Sejam LUZ, assim como Eles!
Muito Axé!

A.d